A limpeza nos hospitais como ferramenta de combate à pandemia

A limpeza nos hospitais como ferramenta de combate à pandemia

Áreas hospitalares podem ser limpas até 15 vezes ao dia e ainda assim, não ser suficiente para conter a expansão de um vírus altamente contagioso como o novo coronavirus (Sars-Covid-19).

Em um experimento recente, estudiosos da University College of London realizaram uma simulação com parte do DNA de outro vírus, que ataca plantas ao invés de humanos, colocando uma solução infectada no corrimão da cama de uma sala de isolamento, em um hospital em Londres.

O grupo monitorou 44 locais do hospital durante cinco dias. Depois de apenas 10 horas o material genético tinha se espalhado para 41% dos lugares, desde grades de camas até brinquedos e livros infantis em uma área de convivência.

Após três dias, esse número tinha aumentado para 59% de lugares e voltou para 41% após cinco dias.

Essas evidências mostram que a higiene e limpeza hospitalar também necessitam de um protocolo especial para o enfrentamento da pandemia que sofremos nesse momento, por isso as empresas de facilities têm uma responsabilidade ainda maior nessa fase. O ambiente hospitalar é classificado em três setores basicamente: não crítico (estacionamentos, áreas administrativas, refeitório, vestiários); semicrítico (posto de enfermagem, ambulatórios) e crítico (UTI, pronto-socorro, berçário, unidade de queimados, laboratórios, centro cirúrgico).

Em nossos protocolos, por conta da pandemia, as áreas onde são atendidos os pacientes com suspeita e diagnóstico de Covid-19 são consideradas atualmente como críticas, mesmo não estando dentro desta classificação. A adoção de novos procedimentos para reforçar a segurança das instituições de saúde é parte da grande responsabilidade dessas empresas que se ocupam da terceirização destes serviços.

Há pontos de contato que nunca haviam sido percebidos como ameaças e hoje devem ser higienizados com muito mais frequência. Maçanetas, puxadores, balcões, computadores, botões de elevador, dispensadores de álcool em gel.

A contaminação cruzada é outro grande desafio, pois hospitais com equipes grandes também colocam mais gente na rua, circulando e possivelmente infectando suas famílias e outros.

Daí que entra em ação a necessidade do planejamento eficiente: separação de equipes, entre as alocadas nas áreas de isolamento que atendem pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid-19 e as que atendem áreas não críticas e semicríticas. O cuidado de evitar que essas pessoas não circulem por áreas comuns do hospital como refeitórios, cafeterias, andares de internações comuns usando o traje de isolamento ou, se não for estritamente necessário, é uma das ações que deve ser cuidadosamente planejada e supervisionada ao longo do dia todo.

Os carrinhos funcionais e demais materiais utilizados para a limpeza são higienizados com frequência.

O cuidado com as pessoas é outro ponto de muita responsabilidade, pois os equipamentos de proteção individual (EPIs) que já são comuns para quem trabalha nas áreas críticas deve ser reforçado devido a alta dose infectante do Sars-Covid-19. Além do treinamento. Como foi amplamente divulgado, os profissionais chineses, apesar dos EPIs reforçados, muitas vezes, se contaminavam no momento da desparamentação, ou seja, na hora de retirar e descartar os EPIs. Portanto, horas de treinamento em como paramentar e desparamentar são fundamentais para garantir a saúde de colaboradores.

Sobre a autora: Débora Andrade, coordenadora de Qualidade em Saúde e responsável técnica da Apoio Ecolimp.

Conteúdo publicado no Estadão. Acesse aqui!

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