LIXO?

por Vitor Silva, Coordenador de Governança e Hotelaria do Hospital 9 de Julho (SP)

Os resíduos hospitalares ainda são um desafio e tanto para quem os gerencia, o que parte de um conceito antigo (ou nem tão antigo assim) de que todo o lixo gerado dentro de uma unidade de saúde é perigoso. Nós, que atuamos dentro dessas instituições, precisamos reaprender a pensar sobre esse tema, olhar os detalhes e propor soluções para, por exemplo, o aumento de reaproveitamento de materiais. A reciclagem é um ponto importante e precisa ser desmistificada.

Os conceitos antigos sobre reciclar ainda estão presentes em grande parte do processo, como o caso do copinho sujo do café, mas o fato é: será que o copo descartável é mesmo necessário? São essas as propostas que precisamos fazer. Pensar em copos é muito simplista, eu sei, mas temos um mundo de oportunidades. Usamos produtos mega embalados e coisas muito específicas que podem ter bastante valor agregado, como os materiais de invólucro cirúrgico, que são feitos de uma resina nobre e, se não estiverem contaminados com fluidos ou secreções, podem ser reciclados tranquilamente.

Outro ponto de vista sobre esse tema é o desafio de despertar a percepção de todos os que atuam dentro das instituições de saúde, contextualizando que aquilo que fazemos da maneira correta, em relação à reciclagem, beneficia a nossa vida fora da instituição e, indo além, também beneficiará as próximas gerações. Não precisa muito, jogar seu “lixo” na lixeira certa é o começo de uma transformação disruptiva, e inovar no jeito de pensar sobre os materiais (principalmente se eles são realmente indispensáveis) é transformador para esse mundo.

O gerenciamento dos resíduos no nível técnico é algo crítico, mas recompensador se usarmos conceitos modernos de pensar o lixo. Para as instituições de saúde, é fundamental seguir a legislação vigente e todo o plano de gerenciamento (PGRSS), mas — ainda assim — há de se pensar em medir e propor a correlação do MIX dos tipos de resíduos gerados. Em um hospital, por exemplo, é de extrema importância que a medição seja fidedigna e toda a cadeia de serviço de destinação adequada de resíduos seja auditada e controlada por meio através dos documentos obrigatórios. Há algum tempo, em grandes geradores, se fazia medições por amostragem, o que diminuía muito o raio de ação de um gestor, pois os dados eram estimados sem precisão.

Em algumas empresas de capital aberto, os processos de gerenciamento de resíduos e, principalmente, sua mensuração se tornaram cruciais de extrema importância para a indicadores de ESG/Sustentabilidade, uma vez que são divulgados nos relatórios de sustentabilidade e chamam a atenção de possíveis investidores na bolsa de valores. O conceito de valoração de um bom processo de geração e gerenciamento de resíduos nas instituições de saúde dáão um salto quanto à sua importância. Agora, não só mais como um processo complexo e custoso, mas como um ativo importante que interfere diretamente na estratégia das companhias.

Não é só LIXO!

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