Arquitetura e facilities: uma combinação vital

O segmento de saúde exige uma visão abrangente sobre o assunto quando se trata da elaboração de projetos. Além da arquitetura, entender a necessidade e o perfil do cliente, usuários e as peculiaridades de cada serviço cria um ambiente funcional. Unir arquitetura e facilities é uma combinação vital para o  ambiente, visando garantir a sinergia entre as diversas áreas. Além de alinhar conforto, tecnologia, questões ambientais e segurança.

Segundo Bia Gadia, arquiteta e consultora em arquitetura para ambientes de saúde, hospitais, clínicas e outras unidades de saúde, quando bem projetados e com foco na humanização, contribuem para a redução de infecções e fazem a diferença no tratamento dos pacientes. “Médicos e equipe têm maior produtividade e concentração. Exames e atividades terapêuticas são realizados com maior efetividade e a possibilidade do cliente voltar a utilizar os serviços e falar bem a respeito do médico, equipe ou da instituição é muito maior”, completa.

Arquitetura e facilities uma combinação vital

Arquitetura e humanização

Imaginar um hospital humanizado é um acréscimo positivo na estadia dos pacientes, visando diminuir o tempo de internação. O modelo de arquitetura focada nas necessidades e anseios do cliente é crucial. Esses mesmos modelos são considerados uma das soluções para a crise no atendimento de saúde no Brasil e no mundo. Afinal, essa torna-se um instrumento de cura para cada indivíduo.

Nos últimos anos, os ambientes de saúde se depararam com novos desafios e passaram a ter maior preocupação com a experiência do paciente como um todo. Com isso, foi se adequando a tecnologia de ponta para o exercício da medicina à visão e anseios do paciente. Dessa forma, o setor de saúde teve que pesquisar suas aspirações e suas angústias, com o objetivo de estabelecer adequadas relações psicológicas do indivíduo com o espaço que o acolhe.

Com isso os serviços serão repensados. Todos estão diretamente ligados a boa experiência do paciente/cliente. Mas, para isso, há uma aposta no treinamento da equipe, oferecendo não só espaços para os tratamentos específicos, mas também ambientes de descanso e descontração.

Há também uma preocupação com o conforto visual e acústico. Preocupação essa que as instituições de saúde iniciaram um processo de humanização de todas as suas atividades e seus espaços físicos.

A demanda crescente por serviços personalizados vem estimulando o despertar do profissional de facilities. Para as relações humanas e habilidades comportamentais. “Conhecer o seu cliente interno, suas necessidades e desejos e entregar serviços e um espaço de trabalho que engaje e entregue e reflita os valores nunca fez tanto sentido. É essa convergência entre os times desde a concepção do projeto promete a construção de um edifício muito mais dinâmico”, sinaliza Bia.

Via de mão dupla

Arquitetura e facilities é uma combinação vital. Engenheiros e arquitetos precisam trabalhar entre si. A colaboração dos dois é fundamental quando transformada em forma de consultoria de profissionais que atuam na gestão de facilities. Essa integração gera experiência e conhecimento suficientes para trabalhar em conjunto garantindo que todo e qualquer problema futuro possa ser sanado na fase de projeto.

Bia crê em um funcionamento de mão dupla nesse caso. Ela enxerga o arquiteto como um consultor para o facilities management (FM). “No geral, esse complemento entre as funções fazem o processo fluir de maneira mais harmoniosa. Há uma alteração nas estruturas que facilitarão o dia a dia, permitindo que o time tenha suas funções dentro daquele espaço com a garantia de que os serviços que os apoiam estejam em total funcionamento”, acrescenta a arquiteta.

Para atender as necessidades de toda a cadeia da saúde e podendo apresentar soluções completas, do projeto até o pleno funcionamento de um hospital é necessário pensar em todos os serviços.

“Tivemos um aumento significativo no mercado de facilities na área hospitalar e uma sensação cada vez maior de não estar em um ambiente hospitalar, mas em um ambiente maior do que os de lazer e hotelaria, justamente por humanizar a percepção de organização, a sensação de estar correndo tudo bem desde a recepção no check-in até a alta no check-out”, finaliza a consultora em arquitetura para ambientes de saúde, Bia Gadia.

O arquiteto aliado ao FM contempla toda a parte de infraestrutura e arquitetura introduzindo em cada instituição, estratégias que se adequem aos detalhes, gerindo resultados que sejam profícuos. Além de projetos de alta performance, que garantem o melhor funcionamento e a organização dos diferentes setores.

Humanização do serviço é essencial para a recuperação do paciente

Muitos profissionais de saúde buscam aumentar o nível de experiência do paciente. Seja na jornada, na interpretação do atendimento ou até mesmo na visita dos familiares. Nos dias de hoje, essa é uma das prioridades das organizações de saúde, mesmo que muitos não entendam ainda a necessidade.

O desenho dessa experiência deve ser algo inclusivo para os que frequentam e para todo o corpo clínico que se mobiliza para fazer dar certo, integrando essa solução de forma convergente e olhando pela vertente das empresas de facilities, é considerada uma obrigação a entrega de um trabalho bem feito, baseado em tecnologia, para  integrar diversos níveis de experiência.

Assim, a experiência do paciente torna-se um esforço integrado, entre todos os “braços” das equipes que trabalham na entidade de saúde. “Um corpo clínico de excelência garante um ambiente ao paciente com conforto e segurança para progredir durante todo o seu processo de recuperação”, comenta Fabrícia Cotrin, gerente assistencial do Hospital Vila Nova Star, durante apresentação no Congresso Hospitalar Facilities ocorrido em maio, em São Paulo, durante a Hospitalar 2019.

O cuidado com o paciente não diz respeito apenas aos médicos e enfermeiros. O setor de facilities chega como um fator fundamental, peça-chave para as entidades. “Acolher, resolver e fazer a diferença. O toque de humanidade no cuidado e no atendimento dos clientes é um ganho importante para as instituições por meio da gestão de facilities”, afirma a gerente.

Humanização do serviço é essencial para a recuperação do paciente

Transformação digital x experiência do usuário

Fortalecer a experiência do paciente, muitas vezes significa implementar passos simples que poderiam fazer a diferença para os pacientes. Engajar, principalmente com meios tecnológicos é essencial. Entretanto, o paciente quer ser atendido com os melhores equipamentos e com os melhores profissionais.

A transformação ocorre quando se entende o propósito. Tanto da equipe, quanto do usuário, com relação aos meios tecnológicos. Por exemplo, por meio da inteligência artificial é possível calcular um tempo médio de internação do paciente, exibindo a assim a jornada do usuário dentro da instituição fazendo o mesmo entender todos os passos que ele dará dentro do hospital.

Ainda de acordo com Fabrícia, ter boas soluções tecnológicas não significa maturidade nos processos e muito menos sinônimo de sucesso e satisfação do cliente. Nesses pontos, os treinamentos são essenciais para alcançar a excelência. “Os terceiros precisam estar totalmente integrados, é fundamental que eles estejam engajados no acompanhamento ao nosso paciente. O treinamento comportamental é importante, traz situações do cotidiano do hospital, colocando o colaborador para participar desse cenário”, finaliza.

Inovar em saúde é obter melhores resultados

A evolução do mercado de saúde chega como grande aliada para ajudar em inúmeros quesitos como aceleração do processo digital, o uso da inteligência artificial e cognitiva para obtenção de resultados e a apropriação dos dados.

Desenvolver uma sustentabilidade financeira, investindo em inovação para que os impactos positivos nos clientes sejam maiores, são apenas mais alguns dos desafios dos gestores nessa missão, que inicialmente passam por uma atualização tecnológica. 

Inovar em saúde é obter melhores resultados

Para Enrico Vettori, sócio líder da Deloitte Brasil, investir em inovação e transformação é dar acesso, e esta é a palavra mágica para alcançar a excelência tecnológica. “Temos seleiros enormes relacionadas as tecnologias, com faculdades e tudo mais e o brasil segue avançando para isso”, comenta Vettori durante apresentação no Congresso Hospitalar Facilities ocorrido em maio, em São Paulo, durante a Hospitalar 2019.

Ainda que o serviço prestado por terceiros no Brasil seja uma barreira, contar com uma empresa tecnológica e engajada nas inovações do mercado, prospera para que a contratante cresça de forma relevante e melhore a experiência do cliente. Hoje, falar sobre a experiência do paciente em uma instituição de saúde não é algo exclusivo, e sim inclusivo.

A barreira cultural é muito maior do que a barreira tecnológica. “Nós estamos bem atrasados em relação aos outros países. Mas a maior lacuna ainda está no comportamental, na valorização do que já temos aqui”, afirma o executivo

Ainda de acordo com Vettori, engana-se quem pensa que soluções altamente tecnológicas esteja diretamente ligada à maturidade do processo digital e à experiência do paciente. “É necessário um gestor que saiba ler os dados, entender e passar para sua equipe para que os resultados cheguem com êxito para a contratada e para contratante.”

A Hospitalar 2019

O Expo Center Norte foi o local escolhido para receber a 26ª edição da Feira Hospitalar, considerada o terceiro maior evento de negócios em saúde no mundo que ocorreu entre os dias 21 e 24 de maio.

Divididos em quatro pavilhões, os estandes espalhados pela feira receberam cerca de 85 mil visitantes que ao caminharem pelo evento, puderam absorver conhecimentos por meio de demonstrações desde como fazer uma limpeza terminal até chegar no controle de robôs, que vem encabeçando o mercado da tecnologia.

Além das exposições, simultaneamente ocorreram cerca de 40 congressos, possibilitando a troca de conhecimento entre participantes e palestrantes.

Patrocínio Apoio Ecolimp na Hospitalar 2019
Primeira participação da APOIO no Congresso de Facilities Hospitalar

Pela primeira vez, o Congresso de Facilities Hospitalar, promovido nos dias 23 e 24 de maio, contou com a participação institucional da APOIO. O evento contou com cerca de200 congressistas que tiveram a oportunidade de aborda temas voltados para a hotelaria em geral e a eficiência operacional em facilities.

A experiência francesa e muito mais: O primeiro dia de congresso

Na manhã do dia 23, moderado pelo coordenador científico do Congresso Brasileiro de Hotelaria e Facilities Hospitalar, Marcelo Boeger, o congresso recebeu Jean-Patrick Lanjonchère, diretor-presidente do Grupo Hospitalar da França, Paris Saint-Joseph.

Com cases franceses baseados na simplificação de protocolos e humanização para atendimentos de estrangeiros, o palestrante abordou a experiência do cliente na visão dos hospitais franceses. “A qualidade do sistema hospitalar da França beneficia a todos, não só apenas os franceses. Essa visão de mercado global é importante não só para os hospitais, mas também para a experiência dos médicos”, comentou o executivo.

Em seguida, foi a vez do sócio líder de Life Science & Health Care Deloitte Brasil, Enrico de Vettori e da gerente assistencial do hospital Vila Nova Star, Fabrícia Cristina Cotrin, falarem sobre tecnologia, inovação e gestão de serviços ao cliente. “Mudanças importantes estão impulsionando novos modelos de saúde e levarão as mais profundas inovações. Porém, a cultura nos impede de inovar. E a maioria das vezes é por medo”, destacou Vettori. 

Ao final do primeiro dia, a especialista técnica de precificação em aviação Aline Mafra, o gerente geral da Novo Hotel, Luiz Ricardo Ross  e a gerente de apoio assistencial e fluxo do paciente do Hospital Israelita Albert Einstein, Tatiane Canero, sentaram-se para um bate-papo sobre gerenciamento de demanda e overbooking: A experiência de hospitais, da hotelaria e de companhias aéreas.

Dia 2: Desafios, rastreabilidade e robôs

A unidade hospitalar é uma grande produtora de resíduos, de utilização de energia e cada vez mais o setor se preocupa com a sustentabilidade. Focado nesse assunto, deu-se início a palestra voltada para os desafios da gestão de facilities no edifício hospitalar.

Para Marcelo Melo Nunes, coordenador de Manutenção e Hotelaria do hospital CEMA, a utilização da tecnologia é uma grande aliada, porém a gestão deve ir além. “Recursos tecnológicos são importantes, mas você precisa acima de tudo saber utilizar. Economizar, saber ler a ferramenta para gerar produtividade, menos custos e obviamente, menos resíduos”, enfatizou o coordenador.

Moderado por Cassio Fabrício Martucci, CEO da IDTrack, o congresso contou com a presença do suíço Achim Shäfer, chefe de logística do hospital Thurgau AG, para falar sobre dispensação automática e rastreabilidade de uniformes hospitalares mostrou um pouco da realidade dos hospitais em seu país.  

Achim Shäfer, um dos palestrantes do congresso
Ao centro, Achim Shäfer, um dos palestrantes do congresso

Para o CEO brasileiro, apesar da disparidade de desenvolvimento entres os países, os problemas se assemelham. “Nós temos uma visão de que o brasil está muito atrás. Mas os problemas que existem lá, são os mesmos daqui.” Porém, Martucci destacou que ainda é necessário o setor da saúde do Brasil “abrir a cabeça” para novas ferramentas. “O novo assusta. Existem pessoas conservadoras, todo mundo consegue perceber que as máquinas liberam tempo, gera eficiência e trabalha ao nosso favor, e não contra”, finalizou o executivo.

Encerrando o congresso, a coordenadora administrativa do hospital Santa Catarina, Gladys Antonioli, falou sobre os desafios para maximizar o giro de leitos por meio da gestão de fluxo do paciente. Logo após, o robô Ruzr, da Plugin BOT visitou o mezanino 10, com toda sua simpatia e irreverência, dando exemplos de como o setor de saúde pode se tornar cada vez mais automatizado.

Hospitalar 2019
Roubando a cena, o robô da Plugin BOT encerrou o último dia do Congresso de Facilities